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Crônicas

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Uma Carta de Amor ao Fim

Seria estranho dizer o quanto que aprendemos com o ato de transbordar nossos sentimentos. É doce, é puro... É a melhor parte de uma alma que almeja encontrar a outra. Partilhar de sonhos, ambicionar conquistas e caminhos a quais ainda nem temos a ideia de que realmente queremos ou não seguir, mas a certeza é que o desejo é o mesmo de percorrer juntos.
E se não fosse especial, não seria pleno, não seria intenso. A vida já tem muitos freios que somos obrigados a obedecer. Temos que parar, esperar a nossa vez. Mas com o amor não é assim. Ele não avisa que chega; apenas chega. Apenas surge como um solavanco, como uma falta de ar, como um tiro certeiro no peito. Mas ele não te mata, mesmo que seja uma “dor” física. Porque amar dói. Dói com as saudades, dói com boas lembranças, dói com as perdas e ganhos.
Amar dá medo. Medo de não ser capaz de mostrar tudo que existe dentro de nós, medo de não saber como será o futuro e de como ele será bom. Amar é um dom que não é para quem não está preparado a assumir os riscos que ele pode provocar. Amar, na teoria, é totalmente simples.
Todas as pessoas se sentem completamente espertas ao falar do amor. Todos são capazes de “se envolver não se envolvendo”, como se o coração fosse um órgão que fosse feito de músculos voluntários, que ele não baterá mais rápido por alguma pessoa, que não se sentirá vazio caso alguém parta.
É fácil sentar em uma mesa de bar e escutar as diversas mazelas de um coração partido. É fácil achar que ele pode ser curado em um ou dois copos de cerveja quente.
E no momento em que um coração é quebrado, quando que conseguimos ver que a hora certa para ele se consertar, finalmente chegou? É, porque isso acontece. Você vai, ama, se entrega, deposita a confiança, deposita o desejo, monta seu castelo, para descobrir que, às vezes, ele não passava de um castelo de areia. Ele poderia até ser de concreto, mas sem nenhum tipo de base. E sim, você é obrigado a ver este mesmo castelo ruindo na sua frente, perante aos seus olhos.
E, caso o castelo desapareça, realmente seu coração tem que ir junto? Não! Ele não tem que ir completamente. Sim, uma parte dele vai junto, ao lado do saudosismo, dos erros que você acha que cometeu, dos bons momentos que você também acha que sempre serão os melhores da sua vida. Alguns serão. Outros não.
A força tem que partir dos cacos que sobraram. A força tem que ser nossa. Seria hipócrita falar que construir outro castelo é extremamente fácil. “Como eu vou construir outro castelo? Eu quero construir outro castelo?”. Construa, mas construa por você. Construa para você morar, você habitar. Sim, permita que entrem, que transformem o seu castelo no castelo de outro alguém. A vida não se completa sozinha.
O ato de amar precisa ser mais importante. De tantos cacos que as pessoas nos deixam, acabamos por pressupor que todos farão isso conosco, sendo que, a maioria age dessa mesma forma para não se magoar mais uma vez.
Precisamos amar, compartilhar, viver. Cada um construindo seu castelo e formando sua própria base, deixando do seu jeito. A vida é repleta de surpresas e desafios que não seriam menos importantes se não fossem nossos. Não vamos ter medo de amar. Não vamos ter medo de acreditar nisso de novo, de viver a ansiedade por um fim de semana, ou por um beijo na testa. Vamos ansiar pelo filme de domingo, pela guerra de travesseiro, pelas cócegas intermináveis. Ansiar pelas brigas bobas que são facilmente resolvidas por uma tórrida noite de amor, ansiar pelo café da manhã na cama. Vamos ficar felizes pela mensagem no meio da noite, felizes por saber que existe uma pessoa que se preocupa com você, que possui a habilidade de conseguir te fazer rir, e que sabe o que você pensa só por reparar seu olhar.
Vamos ser humildes de aceitar alguém no nosso castelo. Castelos são bonitos, magníficos e belos, mas são tristes e solitários sem ninguém para habitar ao nosso lado.

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